
 Os referendos... e as voltas e revoltas do espírito democrático.
 Ontem houve debate televisivo acerca do tema acima mencionado!
 Foi um momento de rara beleza em que pudemos assistir à mistura de temas, que apesar de potencialmente ligáveis entre si, deverão ser tratados de forma separada.
 Uma coisa é o casamento entre duas pessoas (que só as implica a elas) outra completamente diferente é o acto de adoptar crianças (que já implica as crianças).
 E, apesar de eu, pessoalmente, não ter reservas de princípio à adopção de crianças por casais homossexuais, parece-me que agora nos deveremos concentrar apenas na questão dos casamentos.
 É que só mistura os temas quem não quer nenhum dos assuntos aprovado em sede parlamentar.
 Só mistura os temas quem quer usar a bandeira da adopção para impedir o casamento entre homossexuais.
 E por isso, este frenesim referendista!
 Tenho andado a pensar no assunto e... depois de voltar a ver os representantes da Associação Nacional de Famílias numerosas do lado pró-referendo (como aliás estiveram do lado pró-referendo do aborto) até tenho medo de os voltar a ver do lado do pró-referendo da regionalização. Deve ser assim uma espécie de culto familiar por urnas eleitorais!
 Como quem diz: Em Portugal votam poucos, mas cá em casa votam todos e de acordo com o patriarca. Ai não que não votam... ou então não comem a sopa!
 Para variar, atrevo-me a sugerir um referendo contra as famílias numerosas.
Porque é que eu, que só tenho uma filha (e um casamento heterossexual) tenho de pagar mais impostos que quem se reproduz à fartazana?!
 Parece-vos bem?
 É que isto era tudo muito bonito no tempo em que filhos eram mão-de-obra barata!
Agora é preciso educá-los!
 Será que o problema para a associação das ditas cujas famílias numerosas é que a despenalização do aborto coloque em causa a normal procriação?
 Será que as famílias numerosas se sentem ameaçadas pelos casais vizinhos que não se podem reproduzir?!
 Se calhar e questão nem é bem essa. Deve ser apenas porque gostam de excluir!
 Mas... lá ando eu baralhado. Isso é que ando!
E, ainda por cima, porque são muitos... votam muitos...
O que nos vale é que os Portugueses, num invulgar acto de bom senso, se reproduzem pouco!
Ao menos isso!